domingo, 25 de abril de 2010

Depois da tempestade vem o surf

Passados os horrores das enchentes que assolaram o Rio de Janeiro, ondas com quatro metros batem contra as pedras do Arpoador e...


... fazemos surf... 
o Rio de Janeiro continua lindo.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Relato na enchente de 5 de abril de 2010 no Rio de Janeiro

Não costumo publicar material de terceiros, salvo quando a sua importância recomenda.

Recebi um e-mail da profa. Marizeli Marques antiga colega de profissão do C. E. Souza Aguiar em que ela faz o relato dos momentos vividos durante o resgate após ter ficado ilhada dentro de um ônibus na Av. Radial Oeste, um dos pontos críticos de alagamento provocados pelo temporal do dia 5 de abril de 2010.
Para melhor ilustrar o texto estou inserindo o vídeo abaixo.

O vídeo


O texto



Desde que nasci, moro num bairro sujeito a cheias sempre que chove um pouco mais forte. Rua do Lavradio, Resende, Senado, Gomes Freire, Riachuelo, Inválidos, entre outras se transformam em riachos. Pessoas andam com água acima da cintura, carros ficam submersos. Trabalho no CE Souza Aguiar, situado na Rua dos Inválidos, e por várias vezes já fiquei retida e, numa destas, tive inclusive que dormir no colégio, impossibilitada de atravessar a rua para retornar a casa.
Mas nunca senti tão de perto os transtornos causados pelas chuvas quanto na segunda-feira. Saímos de casa, eu e um amigo que foi me fazer companhia, por volta de 17 horas para apanhar um documento. Quando o ônibus entrou no Boulevard 28 de setembro uma forte chuva desabou sobre a cidade. Apanhamos o dito documento e fomos para a Rua Teodoro da Silva para pegar condução, preocupados com a possibilidade de encontrarmos alagadas as ruas do bairro em que moramos. Por mais de 30 minutos aguardamos que passasse um ônibus ou táxi. Táxis, quando passavam estavam ocupados, e ônibus nem sombra. Finalmente um 434 – Grajaú-Leblon nos apareceu como anjo salvador. Eram quase 19 horas. E no encontro da Teodoro da Silva com a Felipe Camarão, mais uma retenção. E no engarrafamento a atenção de todos se voltou para o Rio ao lado cujas águas corriam velozes e com um volume que aumentava a cada minuto. Finalmente chegamos ao engarrafamento da Rua São Francisco Xavier. O motorista do ônibus, não sei se por inexperiência, desconhecimento dos problemas que sempre ocorrem neste trecho da cidade ou se por não acreditar que estivesse tão crítica a situação, tentou se manter em seu trajeto normal, virou na Avenida Maracanã, seu trajeto normal, apesar de não ter nenhum veículo na mesma. Pouco a frente, víamos o Estádio do Maracanã a esquerda e em todas as outra direções só água. Já não se podia distinguir o que era rua do que era rio, pois as águas transbordaram e tudo ficou uma coisa só. O motorista jogou o carro para a direita e não pode ir a diante ficando parado ao lado dos muros do CEFET.
O desespero de quem estava no ônibus é indescritível. Não podíamos sair, porque a correnteza nos levaria sabe-se lá para onde e a água invadiu o ônibus e ia subindo cada vez mais. Todos nós já estávamos de pé sobre os assentos dos bancos. Um bote do corpo de bombeiros que circulava pela área aproximou-se de nós e se colocou entre o ônibus e o muro do Colégio. Os alunos do CEFET arrumaram escadas e trabalharam intensamente em conjunto com os dois bombeiros no resgate dos ocupantes do ônibus. Com gentileza e agilidade, demonstrando uma capacidade de organização para se trabalhar em equipe respeitável, foram, por certo, colaboradores inestimáveis dos dois bombeiros que, sem esse auxílio, teriam tido mais dificuldade em nos socorrer. Passado o susto, o emocional e o físico estão em frangalhos.
Ao ver as imagens feitas por um internauta e enviadas ao g-1 foi que pude avaliar o quanto foi mais crítico do que pensei a situação em que me encontrava.
Com toda a certeza a mão de Deus e de nossos guias e mentores espirituais estiveram presentes, mas elas tiveram colaboradores preciosos.
Que Deus cubra de muitas bênçãos estes meninos que deram uma lição fantástica de solidariedade e respeito humano sejam e estes bombeiros, profissionais que colocam em risco as próprias vidas para salvar outras. 
 Marizeli Marques Sampaio